domingo, 3 de julho de 2011

AS NOVAS FALAS POÉTICAS DE NAUEMBLU EM “FALAÇÕES”, DE MARCELO LABES.

JOSÉ ENDOENÇA MARTINS

Que não digam nada!
Pois esse eterno silêncio
Que tem acalmado o mundo
Vai até o confim dos tempos.
Porque surgiu há milênios
E impera desde então
Marcelo Labes, Falações.

Enquanto houver palavras eu grito (...)
E se houver sangue farei das palavras
Uma grande hemoptise verbal
José Endoença Martins, Me Pagam Pra Kaput, 1986, p. 151.

No bojo dessa língua,
Desabotoa o beijo e basta
A si, língua de línguas.
Dennis Radünz, Extraviário, 2006, p. 42.

As epígrafes antecipam a discussão que quero desenvolver neste ensaio. Elas colocam três poetas em relação. Na relação, apontam uma aproximação entre poetas a respeito de um determinado aspecto da poesia de Marcelo Labes. O título do livro de poemas de Labes – “Falações” – indicam soltura de palavras e falas. Esta soltura vocabular se apresenta como o anti-silêncio, em Labes. Em Martins, o falar adquire um estágio de algo incontrolável, uma “hemoptise verbal”. No texto de Radünz, vira encontro de línguas. No mundo teórico da nauemblu, este tríplice encontro de falas poéticas se abre ao conceito de biblioteca coletiva de Bayard (2007).

I

Na leitura de Falações, quero associar a poesia de Marcelo Labes a nauemblu. De uma maneira geral, quero assumir aqui a noção de que a idéia de associação sugere que livros estão sempre em relação. Na relação que os livros estabelecem, os sentidos que podem adquirir vêm do tipo e da qualidade relacionais que são capazes de construir com outros livros. No campo da literatura blumenauense, especialmente no âmbito daquilo que a metáfora nauemblu almeja fornecer e propiciar de significações poéticas, “Falações” pode criar pontos de contato com os livros que já fazem parte de análises anteriores do conceito nauemblu.
Numa leitura relacional, o significado da relação que um livro desenvolve com o mundo de livros ao qual vai pertencer por força da compreensão que se faz da obra individual e do conjunto é de suma importante. Para alguns teóricos a apreensão relacional de um livro é mais relevante que a compreensão do próprio conteúdo do livro. Na leitura relacional, estamos sempre diante de dois significados que uma obra pode adquirir. O significado externo o aproxima de outros livros com os quais mantém relação significativa; o interno desvela os sentidos que os elementos que o compõem provocam.
Se Bayard (2007) está certo quando diz que “as relações entre as idéias importam muito mais, no domínio da cultura, do que as idéias propriamente ditas” (BAYARD, 2007: p. 30), então, ele também deve saber o que diz quando considera que a relação que o leitor constrói entre livros fornece o teor da cultura que este mesmo leitor possui. Neste aspecto relacional envolvendo livros, para Bayard “ser culto não é ter lido este ou aquele livro, é saber se orientar no conjunto dos livros, portanto saber que eles formam um conjunto e estar em condições de situar cada elemento em relação aos demais”; ou seja, saber delinear a relação que um livro cria com “os livros que estão ao seu lado” (BAYARD, 2007: p. 31). Bayard se expressa com mais clareza, dizendo que

A maior parte das trocas sobre um livro não diz respeito a ele, apesar das aparências, mas a um conjunto muito mais amplo, que é o de todos os livros determinantes sobre os quais repousa uma certa cultura em um momento dado. É esse conjunto, que eu chamarei doravante de biblioteca coletiva, que verdadeiramente conta, pois é seu domínio que está em jogo nos discursos a propósito de livros. Mas esse domínio é um domínio de relações, não deste ou daquele elemento isolado, e se adapta perfeitamente à ignorância de grande parte do conjunto (BAYARD, 20097: p. 32).

Então, diante da constatação de Bayard de que um livro sempre faz parte de uma biblioteca coletiva e que, por isso, seu sentido deriva da relação mantida com outros livros que dele se constrói, pode-se proceder a duas perguntas:
A primeira: que biblioteca coletiva nauemblu já possui?
A segunda: que livros vão se postar ao lado do livro de poemas de Labes, nesta biblioteca coletiva da nauemblu?

II

Antes de me lançar a dar respostas às duas questões quero definir o que entendo por nauemblu. No espaço deste comentário a respeito do livro de Labes esta compreensão do vocábulo será resumida, uma vez que comentários mais abrangentes já estão consignados em textos analíticos que tenho escrito nos últimos anos (MARTINS 1999, 2000, 2002, 2004, 2005), os quais o leitor pode consultar. Em 2007, num substancial artigo, especialmente escrito para a comemoração do cinqüentenário da revista Blumenau em Cadernos, estabeleço os contornos cronológicos e teóricos do conceito nauemblu. No artigo relaciono os termos nauemblu e blumenalva e, ainda, cotejo os dois conceitos com as significações que Huber (1993) empresta aos vocábulos saudade e esperança, presentes, de acordo com análise que a autora faz da fase colonial da literatura de Blumenau, nos textos poéticos e ficcionais dos primeiros imigrantes.
Com base nas relações que Huber estabelece entre saudade, esperança, deutschtum, e brasilianertum no seio da literatura dos imigrantes, procuro esclarecer como saudade e esperança se relacionam com os quatro conceitos da autora. Sugiro, então, que nas relações que arquiteto entre o que eu vejo na literatura blumenauense dos anos 60 aos dias atuais e o que Huber escreve sobre a literatura dos anos da imigração, blumenalva e nauemblu tanto se aproximam quanto se afastam da caracterização que ela realiza de saudade e esperança. No cotejo entre o que vejo nos textos literários atuais e o que Huber enxerga naqueles produzidos em alemão entre 1880 e 1945, posso dizer que a biblioteca coletiva de saudade, esperança, deutschtum e brasilianertum desemboca numa biblioteca coletiva de blumenalva, nauemblu, germanidade e brasilidade/mundialidade.
No ensaio que escreve, Huber (1993) revela a relação que detecta entre saudade e deutschtum, com estas palavras:

Envolve a idéia de conservação de caracteres culturais, raciais e sociais dos grupos de origem germânica, através da igreja, da escola e do lar. Alguns interpretam a palavra apenas como perpetuação da língua e outros como estados afetivos. Mesmo bilíngües, os imigrantes e seus descendentes continuam a falar no Deutschtum (HUBER, 1993:p.35).

Nas palavras da autora, saudade revela por parte do escritor, uma grande necessidade de implantar na colônia blumenauense uma vida em que a experiência deutschtum seja possível e concreta. Porém, esta experiência seria matizada pela cultura brasileira, cuja influencia os imigrantes não têm como evitar. Por isso, as relações entre esperança e brasilianertum (verbrasilianern) também recebem dela uma caracterização no mesmo ensaio:

As novas gerações, em contato permanente com o meio nacional, também influenciam as mais velhas, com o processo chamado de verbrasilianern (brasilização ou abrasiliamento) que traz, por exemplo, uma maneira diversa de sentir e utilizar o tempo (aquisição da “paciência” brasileira”), proveniente do ritmo mais lento da vida social e das distâncias espaciais, bem como da maior liberdade aqui existente (controle social menos rígido) (HUBER, 1993:37).

A partir das definições que a autora desenvolve para os dois conceitos, procuro intuir que possíveis relações se mostram entre os poetas e ficcionistas da imigração. Minhas leituras das obras de alguns autores imigrantes me proporcionam encontrar, de um lado, um sentimento de nostalgia em relação à cultura deixada para trás quando, por desejo, pobreza ou necessidade, grupos de alemães foram levados a recomeçar vida nova em terras brasileiras; do outro, detecto uma imperativa força que compele a estes mesmos imigrantes valorizar e assumir os valores da cultura que encontram na nova pátria. Na poesia (o que me interessa neste momento é o poema), os olhares saudosos que os imigrantes lançam sobre a pátria deixada longe põem lado a lado autores como Schleiff, Knoll, Kahle, Deeke, Niemeyer, Damn e outros. As relações que se estabelecem entre os textos que escrevem podem ser resumidas na estrofe do poema Recordação, de Knoll (2002), que esclarece o que vai no coração nostálgico do imigrante;

Tomado por profunda tristeza.
O quadro com lacrimejante olhar eu vejo
Do tempo, espaço e laça de família esquecido,
Coração meu, de volta a terra em que nasci (KNOLL, 2002: p. 51).

Quando o coração já se resigna à impossibilidade da volta ao torrão natal, e o colono já se acostuma à inevitabilidade de ter que preparar para os seus uma vida na nova terra, decidem abrir-se ao novo viver, a poesia dos autores se encontra contemplada na estrofe de Schleiff. O poeta introduz a temática do brasilanertum (verbrasilianern) e a fala que salta do seu verso é também a dos muitos outros poetas postos em relação aqui:

Seja, nova Pátria, por mulher e homem,
Terra das esperanças nossas, saudada,
A nós peregrinos do deserto uma Canaã,
Com leite e mel fluindo (SCHLEIFF, 2002: p.86).

Os dois olhares se relacionam: “a terra em que nasci” e “uma Canaã com leite e mel fluindo” se interpenetram nos textos poéticos e, em conseqüência, dão sentidos à vida dos imigrantes. Em suma, saudade e esperança se integram, deutschtum e brasilianertum se complementam.
Para que se entenda a emoção nostálgica do poeta da colônia é preciso que se considere a necessidade que lhe invade a alma de integração com o país que o recebe. Do mesmo modo, para que se aprecie o deutschtum urge também considerar o brasilianertum. Finalmente, para que se aceite a saudade, faz-se necessário não se negligenciar a esperança. É nas relações que se criam entre estes vários aspectos da existência imigrante na colônia de Blumenau que se vão desvelar as maneiras como os textos poéticos da época se posicionam uns ao lado dos outros, conceitualmente.
Abandono, agora, a poesia imigrante. E tento estabelecer relações semelhantes entre os poetas da cidade de Blumenau que iniciam carreiras literárias a partir dos anos 60 do século 20. Coloco lado a lado uma poética marcada pela metáfora blumenalva, e outra consignada na metáfora nauemblu. Retirada de Blumenau, poema Lindolf Bell, blumenalva se apresenta na estrofe mais elucidativa:

Minha cidade Blumenália,
Minhas ruas varridas,
Meus crepúsculos alvoradas (...)
Dentro de ti viajo, Blumenau
Blumenalva, Blumenágua (BELL).
Num novo tipo de relação poética, coloco também, lado a lado a idéia que construo para blumenalva e o já analisado conceito de saudade de Huber (1993), afirmando que

Saudade e Blumenalva se aproximam porque desejam reafirmar como centro da literatura local certa experiência de germanidade, altamente determinante na vida da colônia. Tanto os adeptos de Saudade quanto os defensores de Blumenalva crêem que a literatura blumenauense constrói – reconstrói – localmente o retrato de uma cultura que não se afasta dos valores germânicos que encontram espaço propício na cidade de Blumenau desde a colonização (MARTINS, 2007: p. 335).

A relação que tento realçar entre blumenalva e saudade na produção poética da cidade deriva das relações que se podem estabelecer, no campo cultural, entre o deutschtum dos primeiros imigrantes e a germanidade dos cidadãos blumenauenses dos dias atuais. Assim, a germanidade manifestada na poesia de Bell – não apenas no poema citado acima – se relaciona com o deutschtum de Schleiff, Knoll, Kahle, Deeke, Niemeyer, Damn e outros poetas da imigração. A título de ilustração digo que tanto aqueles poetas quanto Bell desejam plasmar, poeticamente, a colônia e a cidade de Blumenau, de acordo com um receituário de procedência germânica (Não se podem esquecer alguns exemplos: TV Galega, Oktoberfest, Vila Germânica, Sommerbierfest, etc.). No poema Blumenau, de Schleiff (2002) este plasmar é feito pelo machado do imigrante que, afiado e incansável, reluz no labor diário. O poema “Blumenau” de Bell (?) abandona o machado, mas não o desejo de plasmar a cidade. Para Bell, a edificação só possível através do poema escrito. Edificação ironizada pelo poeta Vinci (1988): “olha a pequena alemãzinha/Cópia fiel da mamãe (?)/Que maravilha” (VINCI, 1988: p. 27).
Blumenalva, porém, não se relaciona somente como o passado poético patrocinando pela produção literária do imigrante, nem apenas coloca lado a lado o machado de Schleiff e a palavra escrita de Bell. Voltado para o presente e o futuro, também desejo construir relações entre blumenalva e nauemblu. Nesta nova relação, nauemblu surge para ampliar o escopo estético de blumenalva, de saudade, de deutschtum. Assim operando, a poesia nauemblu estabelece outros tipos de relação com esperança e brasilianertum. O conceito nauemblu surge no poema de Radünz (1998), com o mesmo nome. Na estrofe

o rio irremovível
vela
sem açus
nauemblu (...)
nauemblu
irremovível,
indevassável
perece (RADÜNZ, 1998: p.25).

Em ensaios anteriores (MARTINS 1999, 2000, 2002, 2004, 2005, 2007), como procedo com blumenalva, explico quais as possibilidades teóricas que as características de nauemblu oferecem para a discussão da poesia de Blumenau, a partir dos anos 1990. Apresento breve explicação daquelas idéias:

A leitura da produção literária local sugere que, diferente da monolítica, fechada, centrada e paradisíaca blumenalva, nauemblu se mostra plural, aberta, descentrada, estranha e nada paradisíaca. Visível na multi-traduzível evocação de nauemblu reside o caos – o estranhamento fértil – que se constrói e se reconstrói em inúmeras possibilidades de tramas e tecidos, tanto inesperados quanto inexplorados, ou desesperados (...). Se inscreve nas forças locais que vão muito além das germanidades, brasilidades e mundialidades culturais que o local é capaz de engendrar esteticamente. Por isso, cabem na nauemblu anamárias e albergálias, capitus, bertílias e kaputs, diablos e jundiás, riovários e sincretinismos, tatuagens, niras e espontâneas (MARTINS, 2002: p. 84-85).

Na relação que se pode construir entre o machado de Schleiff, o poema escrito de Bell, e a palavra de Radünz, o que sobressai é que nauemblu não deseja plasmar a cidade à imagem e semelhança da Alemanha como parecem sugerir dos dois poetas cotejados anteriormente, Schleiff e Bell. Ao lado do machado de Schleiff e a poema escrito de Bell, Radunz posiciona a sua própria palavra. Ela não deseja reinventar a cidade de Blumenau, ou plasmá-la. A palavra de Radünz almeja reinventar-se, criar-se, auto-nascer-se. Nos tipos de relação que, como demonstra Bayard (2007), a nossa biblioteca coletiva encoraja, a palavra do poeta-nauemblu vive em função de si mesma, nunca de outros ou de outra coisa, em constante processo de significação, re-significação, e mesmo, de des-significação.

III

Depois desta longa caracterização da biblioteca coletiva em que se vem transformando a literatura blumenauense, quero propor uma leitura de Falações, de Labes, que estabeleça as relações possíveis e viáveis entre os poemas que o poeta escreve e aqueles escritos por outros poetas cujos livros já encontraram estantes cativas no edifício desta biblioteca-nauemblu que a poesia local já é capaz de erguer. O cotejo entre o novo poeta e os já assumidos que me proponho seguir, me leva a recorrer às palavras de Bayard (2007) para direcionar minha leitura relacional da poesia de Labes. Bayard nos ensina que

Jamais falamos de único livro, mas de toda uma série deles ao mesmo tempo, que vem interferir no discurso por meio de um título preciso, cada um remetendo ao conjunto de uma concepção cultural da qual ele é o símbolo temporário. Em cada momento de nossas trocas, a bibliotecas interiores, que edificamos em nós ao longo dos anos e onde estão armazenados nossos livros secretos, entram em relação com as dos outros, correndo o risco de promover fricções ou conflitos (BAYARD, 2007: p. 96).

À semelhança do que acontece no “conjunto de uma concepção cultural” de Bayard, na cultura-nauemblu a leitura de “Falações” permite trocas especiais entre textos. O primeiro intercâmbio textual que quero realçar envolve o título. “Falações” permite trocas semânticas com “Tatuagens”, título do livro de Douglas Zunino (2004). Enquanto o narrador de Zunino afirma que traz “sinais/ no meu corpo” (ZUNINO, 2004: p.18) – suas tatuagens fixadas na derme – as falações do narrador de Labes, em principio não se prendem, nem se fixam, em nada, mas se põem às soltas. Falações representam falas, sonoridades, verbalizações lançadas nos espaços e nos tempos que as vozes se encarregam de espalhar. Ao contrário, tatuagens são grafias fixas e, por isso, perdem a mobilidade das falas. Se procurarmos uma metáfora para as falas e as falações poéticas, elas são como pipas, encontradas no poema All Blue:

Pipa mais pipa que céu
Azul, azuis
Voam, voam

Entre o corpo, local de tatuagens, e os céus, espaços das pipas e das falações, a noção de movimento faz a diferença. Palavras, falas, falações se movimentam e, por isso, “voam, voam.” Tatuagens, não. E se vamos a Radünz podemos descobrir um encontro semântico entre este poeta e Labes por que, como a fala de Labes, o fonema de Radünz “encadeia asas” (RADÜNZ, 1998, p. 27).
De Labes e Zunino passo a Labes e Radünz e Da Costa. A relação de oposição entre fixidez e movimento que as falações de Labes e as tatuagens de Zunino sugerem se distancia da aproximação tecida entre Labes, Radünz e Costa. Nos três poetas, o tecer os aproxima. Em Exeus, o narrador de Radünz (1998) denuncia as agruras do labor nas tecelagens: “adolesce/em vigília.vã/a tecelã” (RADUNZ, 1998: p. 25). Da Costa segue na linha de Radüz e a jovem tecelã do primeira vira a moça que trabalha, com agulha e linha, os sonhos que arquiteta para si: esta moça que sai agora ao trabalho/esta moça que empunha agulha e linha/marca o mundo com seus sonhos” (DA COSTA, 2008: p. ?). No poema Fiação e Tecelagem, Labes também assume o tom de denúncia, em falação que vai muito além e coloca, lada a lado, trabalho, doença e morte. Seu cáustico narrador grita a recompensa por anos e anos de vida tecelã e vã:

Da vida operária
de 8 horas bem trabalhadas
e 16 de aflição (...)
artrite artrose bursite
aposentadoria e caixão.

Entre os dois poetas, posso ver que, enquanto Radünz mitiga a dor em favor da poesia, Labes mitiga a poesia e carrega na dor. Porém, em ambos, a poesia tem um fim social, além de estético. Nesta dupla função, os versos de Steil (1996) encarnam o meio-caminho entre os dois extremos de Radünz e Labes, Jogando sonoridades de linguagem entre dois idiomas – português e inglês – o narrador de Steil brinca com a dor da tecelã, bradando “tear/tear/tears/tears” (STEIL, 1996: p. 38).
Encontro outra significação aproximativa entre Labes e Steil: o barco. Este barco, porém, vem de mais longe. Vem de Bruning que, em hai-kai de grande sensibilidade e humor, decreta “vai-se o primeiro barquinho/vai-se outro, mais outro. (BRUNING, 1992: p. 11). Em homenagem ao mestre, Steil retoma o pequeno barco de papel e o transforma em metáfora, colocando na pena do narrador estes versos: “e meu barco/d papel virou/metáfora” (STEIL, 1996: p, 68). Quando relaciono o barco de Labes aos de Bruning e Steil, percebo que a embarcação do poeta novo abandona o papel perecível de Bruning e renega a força de metáfora que Steil aloja na sua embarcação. O barco de Labes adquire as possibilidades semânticas de uma embarcação real, de meio de transporte, e de viagem concreta. Porém, a viagem segue um itinerário que merece cuidado, porque:

Nesse barco, que navega
às cegas,
é preciso ter muita cautela
com o seu itinerário

Mais preocupante, ainda, é o fato de que o barco não possui carga, nem passageiro. Por isso, passa despercebido pela população que se posta às margens do rio, mas não sabe que:

O barco não leva gente,
nem carga, nem sonho operário.
Não carrega nada precioso
e por isso não é notado.

O narrador fecha o poema, mas a impressão que fica sobre a embarcação está eivada de ironia e humor. Além da ausência de carga e gente, a inutilidade do barco se evidencia ainda mais uma vez que a embarcação permanece fixa diante do olhar abismado do transeunte já que não navega nem afunda:

Mas uma sutil diferença
faz desse um barco engraçado:
este barco, porque não navega,
não pode ser afundado.

O objeto fixo nas águas, o barco que não navega nem afunda se assemelha à pedra de Da Costa (2008), imóvel e imobilizada no leito do rio. Como o barco de Labes, em sua imobilidade, “a pedra no meio do rio, afronta/como pedra no meio do rio/em silêncio, o tempo e as águas” (DA COSTA, 2008: p. ?).
O olhar – o objeto que o olhar busca e a maneira como o olhar se lança sobre o objeto – estabelece uma aproximação relacional entre Labes e outros poetas. Em Steil, o objeto do olhar é o verso, visto do lado de dentro. O narrador insiste em “ver/o verso/do lado avesso” (STEIL, 1996: p. 16). Em Martins (2005), o alvo do olhar é o corpo que se deteriora no tempo. Além disso, a visibilidade é incompleta uma vez que o espelho não ajuda. O narrador explica a decepção, dizendo: “olho no espelho/espelho embaçado/corpo caído” (MARTINS, 2005: p. 63). O olhar de Zunino (2002) busca o rio da sua infância autobiográfica. O narrador se delicia com a visão diante de si: “com o olhar acompanho/este rio, que nasce e vai/pelo vale” (ZUNINO, 2002: p. 49). O meu narrador (também sou poeta e tenho olhar) prefere perguntar a respeito da quantidade de olhares que se necessita para que se tenha uma boa visão da realidade: “quantos olhos temos/de ver a nossa realidade/a nossa real idade?” (MARTINS, 1986: p. 132). Com Da Costa (2008), o olhar não busca um objeto específico, o olhar é, porque o narrado o metaforiza na garça, dizendo que “meus olhos são esta garça/eu sou esta pedra/que espera” (DA COSTA, 2008: p. ?). Garça, pedra e espera se afinam nos olhos que desejam ser metáfora, antes de ser o ato de ver. No poema de Labes, o olhar recai sobre o próprio ser que se olha, porém, diferente dos olhares dos poetas mencionados, olhares que vêem o verso, o corpo, o rio, ou a realidade, o olhar em Labes apresenta uma limitação. Trata-se de um olhar incapaz de ver, não por culpa de quem olha, mas do objeto. Estamos diante de um fantasma que olha, cuja face o espelho é incapaz de revelar. O narrador de Labes esclarece o olhar impossível, fantasmagórico:

Olhas no espelho
Não vês teu reflexo
E sofres
Fantasma?

A metapoesia também coloca em relação o poeta Labes e muitos outros. Escrever sobre a feitura de poemas sempre me fascina, porém o que mais encanta na minha metapoesia é a ironia e o sarcasmo do meu narrador que ironiza: “poeta/não se engane/a poesia, um dia, o rato rói” (MARTINS, 1986: p. 59). Radünz, por sua vez, dá à metapoesia a dimensão de sopro musical em sua mais diminuta forma, uma ilha candente, dizendo que “o poema/incende/insula/ música/em miniatura” (RADÜNZ, 1996: p. 59). Rodrigues (1999) deposita intenção explicita na metapoesia, quando o narrador fala: “nos versos que intenciono/a(o) mar bravio/sereno e cotidiano” (RODRIGUES, 1999: p. 33). Em sua intenção metapoética, o narrador de Galvão (2005) desautoriza a oficialidade tanto no corpo quanto na mensagem do poema. Para ele “o oficio do verso é não ser oficial” (GALVÃO, 2005: p. 33). O narrador de Bruning insere o poema dentro do poema, como se a metapoesia fosse um dom divino: “num poema outro poema, ocluso” (BRUNING, 1987: p. 07). Da Costa (2008) elabora a metapoesia em sua mais trágica realidade quando se aparta do metapoeta, por escolha ou necessidade. Separada do poeta, ainda que presa ao papel que a recebe, nos assegura o narrador, “a poesia/esta, liberta das minhas mãos e agrilhoada ao papel/encontra o rio.../e se afoga!” (DA COSTA, 2008: p. ?)
Por sua vez, a metapoesia de Labes se alimenta destas experiências metapoéticas anteriores para desencarnar o poema, para separá-lo do próprio poema. Diferente de Bruning que enxerga o poema dentro do poema, o narrador de Labes está consciente desta urgência da metapoesia; eliminar o poema do poema e intuir um

Poema que se
desencontrasse de si

Porém, como fazer um poema ausente de si? Isto é, como compor um poema que não traga em si o poema? A resposta do narrador é também convincente:

escreveria o grande poema
se soubesse por que.

Talvez seja esta, justamente, a qualidade do poema – grande, relevante: a ausência, nunca a presença, como almeja Bruning.
Para fechar esta parcial análise relacional entre a poesia de Labes e dos outros poetas, no âmbito da nauemblu, vale realçar que esta multiplicação de autores, versos e experiências poéticas justifica o verso de Labes que explica:

Sou todos os que me sabem eu.

Aqui se mostra o reconhecimento por parte do narrador de Labes de que todos os poetas incluídos nesta análise preparam o leitor para que ele conheça e reconheça o poeta Labes. É o que pretende a biblioteca coletiva, conceito com o qual desejo explicar a possível relevância da categoria critica nauemblu. Porém, mais auspicioso que a relevância de nauemblu é a constatação de Labes, através do seu narrador:

me multiplico.

Para se apreender a abrangência da poesia Labes, presente em “Falações” não é suficiente um olhar relacional. O olhar relacional evidencia as aproximações entre o poeta e os demais poetas da nauemblu. Estamos diante da multiplicação de Labes em todos os poetas que o “sabem-no”.Trata-se de uma análise externa. Uma análise interna, por outro lado, possibilita um cotejo entre as várias partes que compõem o livro do autor. Um leitor culto, diz Bayard (2007), sabe apreciar e relacionar um livro a outros livros, um verso a outros, uma poeta a outro poeta. E sabe também relacionar as partes internas do livro que lê. O leitor já conhece a primeira atitude relacional. Quanto à segunda, Bayard avisa que “ser culto é ser capaz de se situar rapidamente dentro de um livro” (BAYARD, 2007: p. 35). Para o autor, trata-se de “adotar em relação a cada livro uma visão geral” (BAYARD, 2007: p. 52). Ele conclui que a apreciação interna representa

Visão que está de acordo com a que se tem do conjunto dos livros [aspecto relacional]. A busca por este ponto de perspectiva implica tomar cuidado para não se perder numa determinada passagem e portanto em manter uma distância razoável, a única que pode permitir apreciar seu verdadeiro significado” (BAYARD, 2007: p. 52).




IV

Internamente o livro “Falações”, de Labes, apresenta quatro partes temáticas; alternatintas, reflexscintos, febres e intransiGENTES. Contendo vários poemas independentes, mas mantendo sintonia semântica, os quatro estágios poéticos emprestam variedades de significação às falações estéticas que o título da obra sugere. As cores de Alternatintas, a primeira parte, pintam um rosário de dores de todos, humanos e animais. Os narradores dos poemas que se aliam sob a visão de tintas alternadas (Alternatintas?) desfiam um arsenal de sofrimentos com versos do tipo “cachorro sem casa e dono/cai morto na beira da estrada.” Em seguida, prosseguem com as penas humanas quando “criancinhas apenas choram”, seguem com a constatação existencial de que “meus anos sempre começam mais velhos”, despontam numa revelação escatológica como “esculpo e escarro”, atingem uma enfermidade pessoal entre versos como “sentir a angústia no peito, cuspir e ver escorrer”. Por fim, terminam este rosário de dor, então, numa explosão vital, clamando, “acende, Maria, o pavio/e deixa a vida explodir”.
Na segunda parte, reflexscintos, outros narradores poéticos, enfatizam o humor de situações vividas. O humor, então, parece ser o antídoto ideal para a dor. No inicio, o humor de que são capazes surge nos versos “insônia/poderá rimar com amônia/se souber seu significado”. Mais adiante, os narradores reaparecem com o humor revestido em versos como “a paixão/(...) ignora a conta bancária”, especialmente, por que um dos narradores insiste em que não tem “mais/idade para ser astronauta”. Mais adiante, o humor reaparece em versos como “boca, bocas, beijo/são trinta e dois dentes quebrados”. Os narradores, ainda, incluem crianças no humor, para mostrá-las “puras e mal acabadas/banhadas em café frio”. Por fim, fecham suas veias humorísticas – até então abertas – com um pensamento sobre o poeta que sabe rir do mundo. O poeta preocupado com a idade da boa poesia ou do verdadeiro bardo, decide de forma bem humorada que. “poeta, só mesmo quem tem mais de/dez mil anos”.
A terceira parte – Febres - envolve um estado de espírito de extrema excitação. Não se trata de dor ou de humor, agora. Talvez um inclua os dois estágios anteriores, talvez. Primeiro, a excitação febril redimensiona o narrador que se auto-proclama “em múltiplos/de cinco” e, detentor de multiplicidade, examina a medida da poesia, insistindo em que “os versos/não meças com o termômetro”. Em alguns poemas, a narração atinge um teor febril que permite esta declaração de vida: ”não vou morrer cedo”. Porém, enquanto se vive – cedo ou tarde – ou se morre, é por causa da febre, durante a qual, “banho frio acaba em/sinusite”. Febre ou sinusite, o que é melhor? A resposta é, se “fez tão bem a outrem/nunca fará bem a ti”. A solução para a febre não parece existir porque com “duas doses de/conhaque barato/e pegas fogo”. A conseqüência das queimaduras, os narradores parecem dizer, é a única possível; “caíram-me os pêlos.” Porém, perder peles e pêlos neste redemoinho febril não é tudo. Um dos narradores ainda insiste em perdas mais concretas, em versos como “ouso cortar-lhe asinhas/puxar-lhes os pés ao chão”. Por fim, os narradores, no estertor maior da excitação febril, se saem com esta declaração tão inesperada: “mamãe, quando eu crescer/vou ser piloto de escavadeira”. Talvez aí neste verso se encontre a mais febril aliança entre dor e humor que a febre pode realizar.
A quarta e última parte – intransiGENTES – coloca idéias em evidencia. Em seus primeiros versos, alguns narradores parecem antever que idéias nem sempre são viáveis, como aquela personagem que “tentou viver de idéias/e morreu de fome”. Outros seguem na mesma linha de negatividade quando apontam para o fato de “que não valia a pena/viver sob certas iminências”. Quando a verdade adentra o campo das idéias temos a constatação de um narrador para quem “a verdade é sempre/dita antes da hora”. Outro narrador se apresenta com uma questão filosófica cuja resposta ele não ousa, deixando o assunto em aberto, perguntando “adianta falar de dores?/falar de amores, adianta?” Não tenho certeza se responde, mas os versos que seguem parecem sugerir que, talvez a vida ainda seja a resposta, porque como nos ensina este narrador “vós, que morrestes, mundo/o mundo é sempre dos vivos.” O mundo das idéias talvez seja dos vivos, porém não é bom esquecer que a morte também é uma idéia, além de realidade. Será? Talvez possamos indagar de um homem sapiente os sentidos da vida e da morte. Suas palavras, porém, sempre podem correr o risco da interpretação indesejada porque “quando o sábio disse que o mundo/estava errado, renderam-lhe vaias.” Então, onde se encontra a resposta que nos agrada? A que mais me agrada, como leitor dos poemas de labes é esta: “a resposta é uma lágrima minha”. Já temos lágrima na dor. No humor, já nos pegamos em lágrima. Na febre, a lágrima nos visita também. No campo das idéias possíveis, há espaço para lágrima e amor. Só assim podemos ouvir, sem medo, a declaração de amor do narrador apaixonado. “Eu te amo, mulher/mas não contes a ninguém.” Diferente do narrador, acho que o amor, qualquer amor, sentimento ou idéia, deve sempre ser anunciado.

V

Pode-se chamar este quinto bloco de discussão de o livro interior de Labes. Ele seria interior por duas razões. A primeira, porque se trata de uma leitura interna se a compararmos à leitura externa, aquela realizada no cotejo entre os poemas de Labes e os versos dos demais poetas blumenauenses. A segunda – a que mais interessa aqui - porque exibe uma visão de mundo bem pessoal, interior, do poeta. Os títulos de cada parte – alternatintas, reflexscintos, febres e intransiGENTES – em composição vocabular instigante, parecem realçar o mundo pessoal no qual o poeta Labes empalma “um conjunto organizado de representações” (BAYARD, 2007: p. 105). O autor francês define o que ele chama de livro interior, como

O conjunto de representações míticas, coletivas e individuais, que se interpõem entre o leitor e todo novo escrito e que interferem em sua leitura sem que ele saiba. Muito inconsciente, esse livro imaginário exerce função de filtro e determina a recepção de novos textos, decidindo quais dos seus elementos serão retidos e como serão interpretados (BAYARD, 2007: p. 105).

Como pode notar o leitor que chegou até esta parte do meu ensaio, minha leitura – interpretação, ao mesmo tempo pessoal e concreta – do livro interior de Labes realça os quatro aspectos que analisei: dor, humor, febre e idéias.
Será que minha interpretação do livro interior do poeta que percebo em “Falações” coincide com a ideal interpretação do próprio Labes? Creio que não. E a coincidência interpretativa tão pouco é relevante. Bayard (2007) pensa de forma semelhante, quando afirma que “os livros interiores de duas pessoas não podem coincidir” (BAYARD, 007: p. 122). O que é essencial é a posição que professor francês apresenta a respeito do livro interior, de modo geral. Ele afirma que (1) cada cultura tem seu livro interior coletivo; (2) cada pessoa – escritor, leitor – possui um livro interior, pessoal, individual. E Bayard conclui que o livro interior do indivíduo é “ativo ou até mesmo mais ativo do que o livro coletivo na recepção, ou seja, na construção de objetos culturais” (BAYARD, 2007: p. 107), como, por exemplo, um livro de poemas como “Falações” de Labes, ou como o arcabouço teórico – blumenalva e nauemblu – que proponho para a literatura blumenauense.

REFERÊNCIAS

BAYARD, Pierre. Como Falar dos Livros que não Lemos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
BELL, Lindolf. Blumenau (Poema exposto como mural no Hall de Entrada da Prefeitura Municipal de Blumenau).
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