sexta-feira, 15 de julho de 2011

ENTREVISTA: HISTÓRIA DE VIDA


Boa Noite. Sou Silvana Vieira, mestre em Administração e professora da FURB. Iniciaremos, agora, nossa história de vida com José Endoença Martins.

Silvana: Boa noite, Zé!
José Endoença: Boa noite, Silvana!


Silvana: Zé vamos iniciar esta entrevista falando um pouco sobre a sua história de vida, as fases da sua vida, desde à sua infância até os dias atuais. Sinta-se a vontade para nos contar o que você tiver vontade, os acontecimentos que você julga relevante que ocorreram na sua vida.
José Endoença: Certo. Bom, vou falar primeiramente, que nasci em 1948 no dia 25 de março. Era uma semana santa e, por isso, meu nome é José, porque era março, mês de são José. E Endoença porque era semana santa, Minha mãe, então, olha lá no calendário e está escrito assim, “As endoenças de cristo”. Significava, e significa ainda, a paixão de cristo. Daí ela colocou o nome José Endoença. Nasci numa família de sete irmãos e eu sou o quarto. Minha família morava em São Paulo e eu sou o primeiro Blumenauense da família.
Silvana: A sua família é de São Paulo então?
José Endoença: é, ela começa em São Paulo né, o meu pai é catarinense e minha mãe paulista, mas casada em São Paulo onde tiveram três filhos e, depois, vieram para Blumenau e eu sou o primeiro Blumenauense, catarinense da família. E depois de mim vieram três meninas catarinenses. E meu pai nasceu perto de Itajaí, Pedra Amolar e minha mãe é de Apiaí, no vale de ribeira lá em São Paulo, eles se casaram e vieram para cá e constituíram uma família, a primeira família negra no “jaracumba”.
Silvana: O que é o Jaracumba?
José Endoença: O Jaracumba, é o antigo bairro onde hoje se situa a Vila Nova, o Água Verde, vai desde a Resima até a rua que faz uma transversal com a General Osório. Jaracumba porque passava o ribeirão da jararaca, então Jaracumba porque era uma palavra em alemão misturada: Jararaca com “barquet” que significa Rio em Alemão. Então nós chamávamos de Jaracumba, hoje o Jaracumba é um território literário meu, então, as histórias que eu escrevo acontecem lá. Bom, voltando, a minha família é a primeira família negra do Jaracumba que é uma comunidade praticamente alemã, de alemães e italianos e nós estávamos lá, “plantadinhos” naquela região como única família de afro-brasileiros.
Silvana: Porque eles (sua família) vieram de São Paulo para cá?
Zé: Porque os irmãos e irmãs do meu pai moravam em Blumenau, então eu acho que deve ter sido esse um dos motivos que, os dois decidiram vir morar em Blumenau, e aí acho que ...(pensativo)... não sei, nunca perguntei, mas imagino que seja porque também os irmãos estavam para cá né, e as condições de vida para eles seria melhor aqui e decidiram voltar. Então, meu pai era policial lá em São Paulo e aqui ele começou a trabalhar como pedreiro e minha mãe como dona de casa e que lavava roupa para fora, então, a maioria das pessoas ali do Jaracumba levavam roupa para minha mãe para lavar, ela lavava bem e ficou conhecida como uma das maiores e melhores e mais exímias lavadeiras de roupas para fora, e meu pai era considerado um bom pedreiro, tanto é que ele fez várias casas, mas nunca teve uma casa de alvenaria, a casa dele sempre foi de madeira. E a minha mãe tinha uma característica muito forte que era justamente ser profundamente religiosa, ia todo dia à missa (quando podia) pelo menos várias vezes por semana, e meu pai também acompanhava, mas não era tanto assim. E também foram eles, os dois ali que organizavam, não sei se nos anos 50 ou 60, os ...................... como é que se diz?!......”terços” né (antes de eu ir para o seminário), iam todos os dia com a imagem de Nossa Senhora de Fátima fazer passagem de uma casa para outra, então, eles começavam lá em casa, rezavam um terço numa noite, no outro dia saiam de casa e levavam a imagem para outra casa e ficavam, e nos outros dias também e, viajam quilômetros fazendo esse tipo de oração. Então essa minha família era muito marcada pela religiosidade, uma prática religiosa bem concreta e todos foram criados nessa vida religiosa. E deve ter sido esse um dos aspectos que eu me decidi ir para o seminário, não sei se é verdade. Mas assim, as minhas primeiras memórias de família são assim: de uma família morando em uma “meia água” né, uma família grande de sete pessoas, pobre, de dormir no chão na esteira, porque a cama era só da minha mãe e do meu pai, então os irmãos e as irmãs dormiam em esteiras diferentes, mas era ali, no chão. Então essas primeiras lembranças tem a ver com as dificuldades da própria vida, de ter filhos e de ser filhos de uma lavadeira e um pedreiro né, que tinham dificuldades também de criar a família e também de procurar uma escolaridade, ir para a escola para o Adolpho Konder. Então, a gente saia do Jaracumba atravessava, ia a pé, no inverno, com os pés rachando, descalço, de calça curta até o Adolpho Konder. Na quarta - serie do primário eu me lembro de um padre - o Frei Gilberto - que me dava aula de religião e como eu tinha facilidade de ganhar sempre boas notas, ganhava “santinho”, acho que isso também deve ter contribuído para que eu fosse para o seminário. Então minha vida sempre foi junto da família né, até os 11 anos.

Silvana: Então, você comenta que foi para escola, e seus irmãos também? Seus pais sempre incentivavam vocês estudarem?

José Endoença: Sim... eu, meus irmãos. Pelo menos o primário todos eles fizeram, alguns, por exemplo, minha irmã é formada em Administração e os outros ficaram com o conhecimento dessa fase do primário e resolveram não estudar né. Por dois motivos, um porque talvez não achasse interessante e outro motivo é porque tinham que trabalhar mesmo, então como eram mais velhos, tiveram que trabalhar e os mais novos também, os que vieram (nasceram) depois de mim poderiam ter estudado mais, mas trabalhavam e como eram mulheres trabalhavam na Cia Hering, acordavam 3:30h, 4:00h da manhã para começar as 5:30h, e assim por diante, sofria muito também. E minha irmã mais nova, não passou por essa fase, então, a família estava em uma situação diferente e ela pôde estudar fazer o ginásio, o científico e depois mais tarde, depois de casada, fazer administração. E eu não, eu acho que fui privilegiado, dentre as possibilidades, não sei por quê. Mas a minha vida foi diferente porque, eu não sei por que os motivos, eu sempre me envolvi mais com a educação. Então eu gostava mais de ler, de escrever e inventar histórias desde o primário, eu já escrevia, já inventava coisa. Uma vez, tive que fazer uma descrição que era uma espécie de redação, era para falar da casa da gente, e eu inventei uma história bonita da minha casa, toda bonitinha e a Professora gostou da história aí o meu colega falou assim: “Professora, mas nada disso é verdade! A casa dele nem é pintada, nem é bonita, eu conheço! Então... (risos)...você vê, era um pouco daquelas preocupações que eu tinha com escrever, inventar, ficcionalizar. E aquilo já foi um motivo para as pessoas perceberem assim: ficção tem a ver com mentira, porque a casa não era assim, e o cara era amigo nosso e íamos para escola juntos, ele sabia como era minha casa. Mas de qualquer jeito, no texto, ela era uma casa bonita, uma casa que seria literária e não real, e a minha vida até os 11 anos foi assim: estudar e jogar futebol, daí terminei o primário, o ginásio, fiz exame de admissão para o Pedro II, e não fui para o Pedro II, passei mas não fui, fui direto para o seminário.
Então naquele ano, entre o final do ano e começo do ano seguinte eu acabei indo pro seminário e isso tem a ver com as questões das aulas de religião, e eu acho que também um pouco de trama entre o padre, o professor e a minha mãe, que eu acabei no seminário. Eu nunca soube porque, mais ou menos, o que foi que aconteceu naquele período, pois eu deveria ir para o Pedro II, mas acabei no seminário, até escrevi um texto, uma ficção sobre isso né, onde eu uso a palavra “complô” né, foi um complô da minha mãe e do padre - o Frei Gilberto - que foram determinantes. Mas, um outro aspecto, além de estudar, das missas aos domingos, é que eu ia pé, acordava 4:00h da manhã para ir na missa que começava as 5:00h e depois voltava a pé para casa também.

Silvana: mas essa passagem que você está me contando foi antes de você ir para o Seminário, certo?

José Endoença: Sim, além disso, eu tinha também outro aspecto, que era o futebol. Eu jogava futebol no juvenil do Vasto Verde e jogava bem. E fuma das coisas que me deu certa estabilidade emocional no Seminário, foi o futebol. Porque a minha vida religiosa comparada com a dos outros, era de iniciante. Era mais por osmose, porque minha mãe fazia e a gente fazia também, mas não era uma coisa minha, ainda, mas futebol era uma coisa que eu fazia e gostava de fazer e jogava bem mesmo, e isso me deu uma porta de entrada para o seminário, para ser aceito. Naquela época eu não tinha muita noção de disciplina, eu não era disciplinado, os alunos que estavam lá já eram disciplinados, então eu tive que entrar com o futebol. Então com 11 para 12 anos, eu estava lá estudando para Padre, em 1961 Em Rio Negro e querendo, pelo menos achando que eu me tornaria Padre Franciscano. E minha vida no seminário, era uma vida de futebol e ....

Silvana: Então, descreva um pouco dessa sua rotina no seminário.

José Endoença: No seminário era assim, para mim foi uma coisa nova, eu sai de uma vida mais ou menos livre de poder jogar futebol quase todo dia, para ter uma vida bem organizada: acordar as 5:30h a.m., tomar banho, rezar, ir para a sala de estudo, estudar até uma certa hora, ir a missa, voltar para estudar, depois tomar café e depois ir a aula até 12h a.m, e depois, a rotina da tarde também era assim: aula de tarde depois do almoço, ai tinham as atividades (uns iam capinar, outros iam jogar, dependendo dos grupos) depois voltava para estudar novamente, jantava, depois, estudava de novo e, depois, dormia. Então era assim, era estudar, rezar e se organizar assim para fazer uma vida bastante disciplinada.
As disciplinas que tinham no Seminário de línguas é que eram minha preocupação maior, estudava grego, latim, francês, inglês e português, eram disciplinas da minha área, onde me destaquei mais. Mas também tinha física, química, matemática, biologia. E quem lecionava essas disciplinas eram os padres, com exceção de Educação Física. E o padre que era responsável por nós, chamava-se: Padre Prefeito. Mas o importante é que dentre todas essas disciplinas, a gente sempre se destacava em alguma né. Por exemplo, eu sempre tive certa facilidade para línguas, gostava muito de história, mas a Língua era o meu forte, então, de repente, eu me descubro sabendo bastante inglês, isso aconteceu de uma maneira natural. Bom, continuando, era uma maneira diferente de ver e viver a vida, e os outros meninos tinham entrado no seminário mais cedo do que eu, eles vieram com certo embasamento teórico, e eu não, eu só sabia jogar futebol e tinha boa vontade.
O meu forte era jogar futebol e isso eu fazia bem, mas eu também tinha que saber lidar com as disciplinas. Então, no primeiro ano do seminário eu fui moleque, eu tive um problema no Seminário que era assim: os Padres passavam filmes, uma vez por mês, e passaram um filme onde houve um beijo no final do filme, onde o mocinho beijava a mocinha no filme, e eu gritei: - “PENALTI !!!” - na seção, e virou um “rebul” porque ninguém fazia isso, era molecagem e o Padre Prefeito ficou desesperado, achou uma molecagem e queria saber quem foi, e eu me acusei, mas não fui só eu que gritei, e ele falou: eu já sabia, já esperava isso de você, você não tem vocação. E naquele ano eu voltei para casa com uma advertência no boletim, dizendo que se eu não melhorasse até a páscoa do ano seguinte eu seria eliminado do seminário. Meus pais não ficaram sabendo, eu disse que não queria voltar para o seminário, e eles não sabiam por que e claro que eu não disse nada, achava chato aquilo e minha mãe falou: vai falar com o Frei Brás, era um Frei aqui da Paróquia de Blumenau, e em uma confissão eu contei, e ele disse: - “nem pensar cara! Pessoas que eu mando para o seminário, não saem quando querem não, tem que voltar!”- E eu voltei, fiquei até o segundo-grau, e melhorei de fato, comecei me envolver mais com as disciplinas, com as aulas, e eu gostava porque gostava de estudar. E fui me acostumando, levando a vida, fiquei 8 anos lá até sair, foi quando os padres disseram: - “Agora já deu, né?”- Eles perceberam que eu não tinha vocação. Quando eles falaram isso não criei problemas, pois já estava mais consciente, já tinha 19 anos, tinha aprendido e estudado bastante, e o inglês foi o que me deixou mais ou menos inserido no mercado de trabalho, quando sai de lá (da vida de seminário). E lá era um ambiente de bastante competição, todos queriam se destacar por fazer alguma coisa. E em um dia um Padre elogiou minha redação em uma aula, então um colega disse: - “O Pelé sabe Latim!” - (risos), ah..meu apelido era Pelé, porque eu jogava bastante futebol. E eles diziam: - “o Pelé sabe inglês” -, e daí, você virá uma referência: - “Ah, inglês é com ele -. E depois minha vida com a Língua Inglesa foi assim.
Depois, sai do Seminário e fui para o exército, mas não me lembro de muita coisa porque não fiquei muito tempo, eu tive que entrar e depois negociar a saída, fiquei uns 6 meses para eles me liberarem para ir para a Universidade. E no ano seguinte fui fazer Letras, mas pensando em fazer Direito. Eram as duas opções que eu achava mais interessantes para mim, aí me escrevi para Letras, passei, gostei e me dediquei no inglês. Naquela época eu trabalhava, quando sai do Seminário, do exército, eu fui trabalhar no Banco, era bancário. Eu abandonei o Seminário, mas continuei indo na igreja, eu ajudava, escrevia os textos para as orações, aquelas evocações né. E foi uma evidência de que mais tarde eu iria escrever para os jornais da cidade.
Então, continuando, eu fui bancário (consegui esse emprego através do Organista da Igreja Matriz), fiz teste e passei, trabalhei 2 anos e sai para ser Professor, porque já fazia Letras, e sai para ganhar menos, e meu gerente do banco nunca entendeu isso. Ele dizia: - “Como você vai sair do banco para ser professor para ganhar menos?”- E fui trabalhar lá no GOT (Ginásio Orientado para o Trabalho), foi minha primeira atividade como Professor, lecionava inglês, fiquei 1 ano lá. No ano seguinte comecei a lecionar inglês no Pedro II, e aí era totalmente diferente, porque o Pedro II era o maior colégio de Blumenau, trabalhei durante 3 anos. Depois entrei na FURB, já estava formado e era o ano que eu iria me casar. Mas, naquele ano eu iria (queria) fazer mestrado, foi um ano que minha vida iria mudar se eu tivesse ido para o Mestrado em Florianópolis (com bolsa, com tudo garantido) minha vida teria sido outra. Mas daí, como eu namorava, a moça me disse no dia 06 de fevereiro: “vem falar com o meu pai, que eu estou grávida!”, eu tinha 27 anos. Eu na época, então, deixei o mestrado e casei. Eu não estava preparado financeiramente para casar, morava com meus pais, nem emocionalmente. Estava emocionalmente preparado para o mestrado, porque era isso que eu queria. Mas ai comecei a trabalhar na Furb, casei, e depois nasceu a Sheila. Daí tentei o mestrado em 1979, mas ainda como eu estava casado, na hora de escrever a dissertação, também desisti, eu já tinha entrado e cumprido os créditos naquela época.
Depois me divorciei, e voltei para o mestrado em 1987, dai já estava emocionalmente e economicamente estabilizado, pude pedir dispensa da Furb, sem vencimento, e fui para Florianópolis e fiz o mestrado até 1989, defendi a dissertação e minha vida mudou na Furb. Porque, entrei nos anos 90 com o mestrado, momento que a Furb havia se tornado uma coisa totalmente diferente do que era antes, e se tornou a Universidade que é até hoje.
Ainda nesse período, houveram duas fases na minha vida como Jornalista, quer dizer, não posso dizer que era jornalista, porque não tinha diploma nem nada. Eu tinha um amigo chamado Rangel que tinha um Jornal chamado “A gazeta do Vale” e ele era do PDT, de esquerda, tinha sido perseguido, fugido do Rio Grande do Sul, e aqui ele organizou um jornal - ali em Gaspar - e me convidou, porque eu já escrevia textos literários para alguns jornais e para o Jornal de Santa Catarina (eu colaborava). No caso da “Gazeta do Vale”, o Rangel me falou: - “olha, você pode escrever sobre o que quiser” - E eu comecei escrever sobre o Regime Militar, isso foi mais ou menos em 1985 (acho que antes, Foi no Governo do Figueiredo), e fiquei uns 10 anos, assim, escrevendo, e nunca cobrei nada, nunca ganhei nada também. E isso foi bom para mim, porque as pessoas que entravam na Universidade, todo mundo já sabia como eu escrevia, redigia textos de resistência (são textos que vão contra o regime estabelecido). Depois, teve um tempo que trabalhei na TV Coligada da RBS, sendo repórter e fazendo entrevistas com as pessoas, viajando, enviava textos para um jornal lá de Florianópolis, para o jornal A Notícia de Joinville, então, essas são as minhas passagens pelo jornalismo.
E a outra coisa era a literatura, que sempre andava junto. Depois fui começando a organizar esses materiais, que eu enviava para os jornais, para publicar o meu livro. O primeiro livro que escrevi e editei chamava-se: “Educação aprendendo a brincadeira na Furb”, e sempre fui independente, banquei, financiei. O segundo foi: “Me Pagam pra Kaput” é do Alemão: Acabado), livro de poemas, poemas curtos. O terceiro foi: “Me Vestem pra Dujon”, o quarto foi: “Traseiro de Brasileiro” (por causa do Collor), o quinto livro foi: “Diet Poesia”, depois publico meu primeiro romance: “Enquanto isso em Dom Casmurro”, esses livros foram publicados entre os anos 80 e 90. Em 2003 publico minha primeira peça de teatro que é: “O Olho da Cor”, em 2004 lanço um livro com textos mais reflexivos que é “A vizinha de Bell, Drummond e Whitman”, em 2006 lanço “A cor errada de Shakespeare” (que são contos), e em 2008 lanço “Martins ao Cubo”. E isso tudo vai desembocar, em 2010, em um livro de ensaios, mas agora voltada para uma questão eminentemente de literatura de autores negros, está quase pronto e vou lançar em 2010. Então, essa é minha produção literária, que vai do teatro à crítica.

Silvana: Zé, voltando, com relação à pesquisa, a sua formação...

Ah, bom, quando eu volto com o mestrado pronto, e volto com mais um arcabouço mental e teórico, para trabalhar com questões de pesquisa, começo a fazer as minhas pesquisas e começo orientar alunos na iniciação científica em duas linhas: uma em Línguas, uma de literatura Afro-Americana e outra de literatura blumenauense. E o que me dá mais frutos é justamente a literatura local, onde eu descubro duas metáforas que são: Blumenalva e Nauemblu.

Silvana: Fale um pouco do seu primeiro doutorado, o que te levou, motivou....
Ah, tava na hora de ir pro doutorado, né! ...(Risos)..., pela questão acadêmica de você produzir com mais consistência, tem a questão também de parar um pouco e refletir e aprender um pouco mais também, a projeção no plano de carreira, então, tem uma série de componentes.

Silvana: Então Zé, só para eu entender aqui, você foi fazer o doutorado, em 1999, e retorna para Furb em 2001, e fica na Furb até...?

José Endoença: 2004.

Silvana: E você agora está fazendo o segundo doutorado?

José Endoença: Quando estava para me aposentar (na Furb) recebo um convite para montar um Mestrado no Paraná. Me aposentei e comecei a trabalhar no Mestrado em Teoria Literária em Curitiba, onde orientei 3 alunos, escrevendo dissertações na perspectiva afro e indígena. E depois as coisas começaram a se complicar na Universidade, questões financeiras, e resolvi sair, e já pensando o que eu iria fazer, ai minha decisão sobre Tradução (o Segundo Doutorado). Quanto aos meus planos futuros são: terminar o doutorado quero ver se faço um “sanduíche” nos Estados Unidos (metade no Brasil e a outra metade nos EUA), continuar a produzir e publicar o meu livro.
E falando um pouquinho da minha vida “marital”, nos anos 90 quando saio do mestrado encontro a Mara né, e com a Mara foi muito bom porque ela foi minha aluna, se adaptou muito bem a minha vida, e academicamente, a Mara gosta de fazer pesquisa sobre as questões “afros descendentes” e também ela é meio “afro”, ela já é uma pessoa traduzida, ela também estuda, está fazendo mestrado e contribui bastante na minha vida pessoal e profissional, é uma tradução que nós realizamos muito bem, é um hibridismo cultural, pessoal frutífera.

Silvana: Você quer falar mais alguma coisa Zé?

José Endoença: Não, acho que é isso.

Silvana: Então tá bom Zé, assim nós concluímos nossa entrevista, agradeço a sua participação em estar concedendo essa entrevista e... Tchau!

José Endoença: Tchau!

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OBSERVAÇÕES: informações sobre os livros escritos e publicados pelo entrevistado:

1. MARTINS, J. E. . Enquanto Isso Em Dom Casmurro. 2. ed. Blumenau: Edifurb, 2009. v. 1. 124 p.
2. MARTINS, J. E. ; MARTINS, R. M. ; Jairo Pacheco Martins . Martins ao Cubo. 1. ed. Blumenau: Odorizzi, 2008. v. 1000. 52 p.
3. MARTINS, J. E. . A Cor Errada de Shakespeare. 1. ed. Blumenau: Editora e Gráfica Odorizzi, 2006. v. 500. 326 p.
4. MARTINS, J. E. . A vizinha de Bell, Drummond e Whitman. Blumenau: Nova Letra, 2004. v. 500. 152 p.
5. MARTINS, J. E. . O OLHO DA COR. 1. ed. BLUMENAU: LETRA VIVA, 2003. v. 500. 125 p.
6. MARTINS, J. E. . O GÊNERO NA LITERATURA BLUMENAUENSE. BLUMENAU - SC: LETRA VIVA, 2000. v. 500. 150 p.
7. MARTINS, J. E. . POELÍTICA. BLUMENAU - SC: LETRA VIVA, 1996. v. 500. 120 p.
8. MARTINS, J. E. . Nisso Ele é Poeta. Eu não. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1996. 24 p.
9. MARTINS, J. E. . SEXUALIDADE E AMOR NUMA TERRA SÓ DE MULHERES - SEXUALIDADE, GÊNERO E RAÇA. FLORIANÓPOLIS - SC: PARALELO, 1995. v. 500. 110 p.
10. MARTINS, J. E. . ENQUANTO ISSO EM DOM CASMURRO. FLORIANÓPOLIS - SC: PARALELO, 1993. v. 1000. 127 p.
11. MARTINS, J. E. . TRASEIRO DE BRASILEIRO. BLUMENAU - SC: FUNDAÇÃO CASA DR. BLUMENAU, 1992. v. 500. 120 p.
12. MARTINS, J. E. (Org.) . A POÉTICA DO TEMPO. BLUMENAU - SC: FUNDAÇÃO CASA DR. BLUMENAU, 1991. v. 1. 129 p.
13. MARTINS, J. E. . Diet Poesia. Blumenau: Edição do Autor, 1990. v. 200. 100 p.
14. MARTINS, J. E. . ME VESTEM PRA DUJON. BELO HORIZONTE - MG: NOVA SAFRA, 1988. v. 1000. 150 p.
15. MARTINS, J. E. . ME TOMAM PRA DORIL. BLUMENAU - SC: FUNDAÇÃO CASA DR. BLUMENAU, 1987. v. 1000. 180 p.
16. MARTINS, J. E. . ME PAGAM PRA KAPUT. BLUMENAU - SC: FUNDAÇÃO CASA DR. BLUMENAU, 1986. v. 1000. 150 p.

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